Um diante do outro.
Então, ela se aproxima,
Esgueirando-se na pole dance.
A dançarina se mostra,
Rebola,
Puxa a mobília,
Ela capricha numa chair dance.
É bailarina
Por isso lança, rebola
E abaixa,
Mantendo, assim, o compasso aberto
Na cara do escritor – um pasmado,
Que só reconhece a si,
Que só acredita no espelho.
Dócil, atrevida,
Ela passa seus atributos e vergonhas
Na cara do escritor;
O prazer, ela passa,
E também o ódio que todos vivem,
Mas o mundo retratado,
A obra, que não passa de tudo a ser deixado e que
A tudo sobreviverá – inclusive
À ignorada sedutora -,
Não passa dele,
Só trata dele.
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André Ferrer (2015) – A reprodução do texto é livre desde que o autor seja referenciado. “Escrever custa tempo, educação e trabalho. Respeite isso.”