Archive for abril \18\+00:00 2015

CRÔNICA – PIADA BATIDA

abril 18, 2015
guild-food-writers-logo

Texto publicado em 18/04/2015 no Grupo do Facebook Crônicas de André Ferrer

O Jô Soares declara todo o seu amor ao governo da Dilma e as pessoas estranham. Eu não. O humorista e apresentador integra parte da parte da parte da parte “da parte” da classe artística que faz qualquer negócio para afastar a ideia de uma nova ditadura de direita no Brasil.

Quem sabe, então, uma ditadura de esquerda não ensine algo a esses vovôs? Creio que não haja tempo.

Há muitos anos, vejo-o rosnar como um cão toda vez que uma entrevista resvala no assunto 1964. Trata-se da mesma dificuldade de viver a democracia que abala quase toda uma população, e que, infelizmente, colocou o PT no poder! Na democracia, a liberdade permite que as pessoas defendam as suas ideias. Qualquer ideia pode virar bandeira nas ruas e na TV. Até as mais imbecis. Não é mesmo?

Temos dificuldade. Não aprendemos, ainda, a nobre arte do equilíbrio entre o oito e o oitenta. Assistiremos, decerto, ao advento de muitos falsos salvadores da pátria, nascidos na direita ou na esquerda, como ora acontece, até que os fantasmas do fascismo (oficialmente morto na década de 1940) ou do comunismo e do socialismo (defuntos, coitados, desde a Prestroika e a Glasnost, nos anos de 1980) sejam exorcizados na democracia.

Jô Soares não é uma decepção para mim. Ele é apenas uma reminiscência.

Claro que muitos o reputam a inteligência encarnada. Para tais pessoas, no entanto, que reclamam dos amores do Jô pela presidente irresponsável, quem sabe os arroubos dele na defesa do ativismo de esquerda nos 1960 e 70 não tenham passado em branco? Prestem mais atenção telespectadores! No Programa do Jô, esse tipo de manifestação, durante as entrevistas, repetem-se, há anos, mais do que a mais batida das piadas.

_______________

Texto publicado em 18/04/2015 no Grupo do Facebook Crônicas de André Ferrer

André Ferrer (2015) – A reprodução do texto é livre desde que o autor seja referenciado. “Escrever custa tempo, educação e trabalho. Respeite isso.”